terça-feira, 26 de maio de 2009

Homem ao Ar!!!


Título Original: Man on Wire (EUA/ Reino Unido) 2008
Direção: James Marsh
Roteiro: Philippe Petit  
Gênero: Documentário


O Homem Equilibrista

“Man on Wire”, ou “Homem no Cabo”. Eis o termo que consta na queixa policial e que também dá nome ao documentário (O Homem Equilibrista) sobre aquele que foi considerado o crime mais artístico de todos os tempos: Philippe Petit, então com vinte e cinco anos, realizou uma caminhada sobre um cabo suspenso entre as torres gêmeas do World Trade Center, num ato de ousadia e aventura que provavelmente jamais será igualado.

O documentário de James Marsh mistura imagens de arquivo e reconstituições feitas livremente pelo diretor, numa linguagem poética e estética que interpreta e reinventa a vida e as memórias do homem equilibrista. Marsh como que entra dentro da cabeça de Petit e passeia por entre suas memórias como se fossem dele próprio.

Tudo começou quando o jovem Philippe leu, na sala de espera de um consultório odontológico, uma notícia sobre a construção dos prédios mais altos de Nova Iorque: o complexo do World Trade Center. A partir desse momento, conquistar as torres gêmeas tornou-se mais que um sonho, mas uma obssessão.

Entre o sonho inicial e a concretização do “crime’, foram inúmeras viagens a Nova Iorque para reconhecimento do terreno, onde Philippe contou com a ajuda de cúmplices franceses e estadunidenses. Dentre todos os depoimentos, não há nenhum que mostre arrependimento ou que não se emocione ao lembrar da intensidade da experiência. É engraçado acompanhar as estratégias para conseguirem entrar no WTC e driblar os “homens sérios” de gravata, o que por si só já deve ter sido emocionante o suficiente. 

Como seria o mundo com menos homens em escritórios e mais homens quebrando a lei por sonhos tão belos.

Em nenhum momento do filme se menciona o fato de que as torres já não existem, o que é um alento e um sopro de ar fresco. É o efêmero e a impermanência da vida em ação.

Antes de sua aventura na Big Apple, Petit já tinha se aventurado sobre as torres da Catedral de Notre Dame e sobre a Ponte Harbour em Sidney, Austrália. 

As fantásticas imagens dele sobre Paris, em preto e branco, suspenso no ar e bailando sobre as construções dos antigos palácios já valem o filme.

Imagino um parisiense que saiu para comprar sua baguete naquela manhã fria de inverno e se depara com o espetáculo de um homem que dança no ar, totalmente integrado com tudo à sua volta. Philippe é um presente inesquecível para todos que tiveram a oportunidade de ver suas façanhas ou de participar do que ele chama de seus “golpes”. É um bailarino dos céus, é a inteligência do corpo se manifestando da forma mais clara.

Quando ele caminha em contraste com os céus azuis de Sidney, me vi prendendo o fôlego mais de uma vez, atônita entre a beleza e o risco real dessa forma de expressão terminar em morte, mas imagine ter sido o espectador dessa cena ao vivo. É certamente uma memória que quem esteve presente jamais irá esquecer, um daqueles momentos que se conta aos filhos e aos netos. Esses momentos são os verdadeiros diamantes que carregamos conosco. E Philippe Petit foi quem os lapidou.




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