quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Jogo de Cine


Título Original: Jogo de Cena (Brasil, 2007)
Direção: Eduardo Coutinho
Montagem: Jordana Berg



Caros leitores, eis o texto vencedor doconcurso da Gazeta do Povo e que está me levando a Gramado como membro do júri popular.

Jogo de Cena


Um anúncio de jornal procurando mulheres no Rio de Janeiro com uma história para contar. Um teatro vazio, uma cadeira no palco. Depoimentos sinceros, e interpretações de atrizes profissionais.

É com estes poucos elementos que Eduardo Coutinho, já consagrado como um dos maiores documentaristas do Brasil, constrói “Jogo de Cena”: uma intensa viagem emocional através do feminino.

No decorrer do filme, o espectador perde a noção de quem é a atriz e quem é a entrevistada voluntária que se dispõe a abrir sua alma e vulnerabilidades para estranhos – e isso não faz a menor diferença, já que o conteúdo humano está sempre lá. É um filme para ser apreciado e contemplado em estado de entrega, e uma vez que deixamos de tentar desvendar os segredos da arte da interpretação, somos levados em uma jornada pela psique e história humanas. E é aí, exatamente nesse momento, que Eduardo Coutinho subitamente nos chama de novo e nos lembra que estamos assistindo à interpretações profissionais, jogando e brincando o tempo inteiro com a imaginação de quem se deixou envolver pelos dramas contados. É claro que quando vemos as (impecáveis) interpretações de atrizes já marcadas na história do cinema e televisão brasileiros como Andréa Beltrão, Fernanda Torres e Marília Pêra, fica difícil dissociar a figura que nos é tão familiar, mas seus depoimentos inspirados ao fim das interpretações nos trazem de volta ao tom que permeia “Jogo de Cena”.

Ao invés de problematizar o processo de realização daquilo que é formalmente considerado um filme documental, ele elegantemente soluciona a questão, mostrando que a linha tênue que divide fantasia e realidade pode ser encontrada em todo momento e em todo lugar, quando percebemos que a emoção das atrizes que interpretam os depoimentos é tão verdadeira como se aqueles eventos fizessem parte de sua própria história. Na verdade, é impossível não se identificar com os relatos, que de tão banais encontram reverberação profunda nas histórias de vida de todos os seres humanos. Não há pessoa neste mundo que não tenha perdido ou não vá perder alguém querido, e quase todos nós sabemos o que é viver ou se decepcionar com um grande amor.

Eduardo Coutinho nutre um profundo respeito por seus entrevistados, e é através de seus olhos que vemos o desfile da vida e dos arquétipos, as memórias afetivas, padrões familiares e as histórias de cada mulher, suas delicadezas, arestas, forças e fragilidades. Todas diferentes, e essencialmente, todas iguais.

4 comentários:

  1. Cheguei aqui pela reportagem da Gazeta do Povo. Pô Júlia, bem que você poderia mandar uns textinhos pro CENA1 - revista dos estudantes da CINETVPR.

    Aguardo os textos,

    Frederico

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  2. Olá!? Retornando sobre o comentário..
    É pessoa conhecida mesmo...Onde eu trabalho, a chefona entrou em contato com a esposa do Beto Richa e ela disse que vai ser decidida em assembléia?!
    Mas vamos ver né?!

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  3. Olá Julia!
    É muito bom encontrar cidadãs curitibanas na blogosfera.Gostei muito de seu blog. Se quiseres me seguir, ficarei muito feliz e te seguirei também.Espero sua visita.

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  4. Não assisti ainda mas fiquei com vontade e vou procurar pra conferir. De imediato, sua crítica me remeteu de certa forma à exposição de Sophie Calle!

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